11 de jul. de 2008

Futebol versão 2.0: alguns palmos além do nariz...

Sim, há todo um mundo além do que conseguimos enxergar.

É normal esperarmos do Palmeiras o máximo, o ideal, a perfeição. "Esperar" é normal. "Desejar" é normal. Mas não saber distinguir a diferença do desejável e do possível é um convite a tornar-se um torcedor frustrado, quando não é pura e simplesmente uma cegueira futebolística.

Os mesmos que chamam o Valdivia de "comum", são os que exigem a perfeição. E aí começa a incoerência (ou no mínimo, sendo bem educado, desconhecimento de um pouco de História do próprio time).

O time mais próximo da perfeição que podemos ter como referência nos últimos tempos foi o Palmeitas Campeão Paulista de 1996. (Certamente, se o Palmeiras de hoje fizesse exatamente a mesma coisa, a imprensa e esses torcedores "exigentes" desmereceriam o feito desqualificando os times com os quais jogamos.)

Aproveitamento de campeão no Brasileiro

Hoje, o Flamengo tem 76,6% de aproveitamento dos pontos no Brasileiro. Aproveitamento bem superior ao de TODOS OS CAMPEÕES nessa volta dos pontos corridos ao Camp. Brasileiro em 2003. A média de aproveitamento de pontos obtidos pelo time campeão de 2003 a 2007 é de 67,3%, e o único time que saiu dessa faixa foi o Cruzeiro, logo que o sistema de pontos corridos entrou em vigor novamente, com 72,4% (e ainda assim pode-se atribuir essa discrepância à falta de costume das equipes com esse critério).

E daí?

E daí que o time do Flamengo hoje não se compara nem ao Cruzeiro de 2003, muito menos ao Palmeiras de 1996. E mesmo que se confirme como Campeão Brasileiro (coisa que particularmente não acredito), seu aproveitamento deve piorar cerca de 10%. E não com base em DESEJO, TORCIDA ou EXPECTATIVA. Mas com base nos NÚMEROS, no que acontece ano após ano.

Isso está além de um palmo do nariz de todos nós, mas só enxerga quem quer (ou consegue).

A grama do vizinho sempre é mais verde

Ainda pegando o time de 1996 como base, quantas vezes não ouvíamos estes torcedores "exigentes" xingar o Rivaldo, chamá-lo de lento, estabanado, instável. Até de pipoqueiro, quando eventualmente não jogava bem em algum jogo importante...?

Quantas vezes não ouvimos os "exigentes" xingarem o Alex de "Alexotan", de sonolento, de dorminhoco, acusavam de sumir no meio das partidas...?

Depois da cena do Marcos ser vaiado no Palestra Itália por uma meia-dúzia de "exigentes", de ver o Evair levar xingo em alguns jogos de 1999, de ver o Zinho ser desprezado por parte dos "exigentes"...?

Por que alguém de nós esperaria que caras como o Valdivia, o Diego Souza e outros do elenco atual fossem poupados pelos "exigentes"?

A grama do vizinho sempre é mais verde. Ou seja, sempre é mais bonito quando está com o outro. Quando perdemos. E não é assim só para os "exigentes", é assim também na seleção da CBF há anos. Quantas vezes não vemos algum jogador arrebentando aqui no Brasil, comendo a bola e decidindo jogos, e só é convocado quando está lá fora, longe dos nossos olhos?

Aquela ladainha do "só dá valor quando perde". E o pior é que a ladainha verdade!

Ter HOJE a perfeita dimensão de que o Valdivia está construindo uma história no Palmeiras é um privilégio ou daqueles que apóiam tudo e sempre (não é o meu caso) ou dos que conseguem olhar para o que ele faz hoje com a visão que olharemos para o passado daqui a alguns anos.

Antes de mais nada, analisando fria e tecnicamente o Valdivia, não acho que ele esteja no nível nem de Alex, nem de Rivaldo, está em outro patamar. (Pelo menos por enquanto.) Mas o tamanho da história que o cara escreve aqui no Palmeiras não se restringe apenas à condição técnica. No caso dele, vai depender e muito de quanto tempo mais ele vai permanecer no Palestra.

Valdivia

Não adianta gastarem dedos escrevendo, cervejas bebendo, nem horas de debate, seja na internet ou no bar. Esses conceitos "ídolo" e "craque" são absolutamente abstratos e pessoais. Eu não vou convencer ninguém de que o Valdivia é ou não é ídolo, nem que ele é ou não é craque. Isso está dentro de cada torcedor e de como cada um se relaciona com o presente do time do coração.

Mas questionar duas coisas que vou dizer a seguir me parece pura TRAJANICE (típico do José Trajano), aquela coisa de querer ser "exigente", de realmente ESPERAR que todo time do Palmeiras, ano a ano, jogue mais que aquele de 1996.

(Querer isso todo mundo quer! Até eu que sou mais bobo. Mas ter a expectativa de que isso de fato aconteça, repito, é correr um sério risco de se tornar um torcedor frustrado.)

1) A trajetória do Valdivia no Palmeiras: ele veio absolutamente sem nome nenhum para o Brasil. Exatamente como TODOS os estrangeiros que jogam hoje no país. O Perea do Grêmio, o Molina e os outros toscos do Santos, o Reasco nos bambis, e mais um monte que jogam a Série A. Porém, em menos de 2 anos, ele conseguiu ser reconhecido nacionalmente, ganhar a Bola de Prata da Placar como melhor meio-campo no ano passado (além de outros prêmios que chegaram elegê-lo como o melhor dos campeonatos Brasileiro 2007 e Paulista 2008). A imprensa gambá / bambi martelou, martelou e martelou pra deixar o Valdivia marcado como cai-cai. Era evidente que queriam deixar o cara na berlinda pra ser perseguido pelos árbitros. Com competência, o "traíra e mercenário" Luxemburgo identificou isso e o ajudou a evoluir nesse quesito. Conseguiu. Evoluiu nisso, evoluiu na finalização. Não consigo entender o que leva alguém a imaginar que essa evolução não vá continuar... Uma tendência só não se confirma se algo acontece para mudá-la.

2) A relação Valdivia x Palmeiras: o conceito de ídolo é obviamente pessoal e subjetivo, como já disse antes. E não tenho a pretensão de fazer a cabeça de ninguém. Mas pros "exigentes", que costumam cobrar que o cara seja bom não apenas dentro, mas fora de campo também, recomendo que assistam no YouTube à entrevista que o Valdivia deu no Chile, após ser Campeão Paulista, num programa que é uma espécie de Jô Soares de lá. Não só por esse programa, mas pelo que já conhecemos dele, fica nítido que o Valdivia é um jogador muito mais bem instruído do que 95% dos jogadores brasileiros. E pode ou não ter a ver com essa instrução, mas é notório também que O CHILENO TEM ABSOLUTA CONSCIÊNCIA DO QUE É O PALMEIRAS, do nosso tamanho e das nossas glórias, e até do que todos nós esperamos do time. Por tudo isso, e por ser estrangeiro e ter tido uma identificação tão forte fora de seu país, a todo momento o Valdivia trata o Palmeiras como SUA CASA, tem plena noção do que representa vestir nossa camisa, de como é bom PARA NÓS TORCEDORES triturar gambás e bambis.

O que vai ser a História do Valdivia no Palmeiras? Só depende de quanto tempo mais ele vai ficar. Mas o fato incontestável é que ele veio ainda na fase de vacas magras, soube o que é jogar sob pressão de ter que conquistar título, e teve sucesso.

Retomando o pensamento lá de cima: questionar estes dois pontos é TRAJANICE, cricrilagem gratuita, é querer ser mais realista que o rei.

Rumo à "perfeição"...

Não há nenhum mal em querer que o Palmeiras ganhe todas, "cumpra sua obrigação", não perca pontos bobos em casa e seja campeão invicto e com 100% de aproveitamento. Eu queria isso, aposto que todo palmeirense vivo também queria. Mas esperar isso acontecer, DE FATO, é tirar os pés do chão, se descolar da realidade, é virar um Calazans da vida e esperar que Pierre seja o Gérson, que o Valdivia seja Ademir da Guia, é ser um torcedor permanentemente frustrado!

Li e ouvi gente falando que o Palmeiras desperdiçou 7 pontos fáceis nesse Brasileiro já. (Nem questiono que pontos são esses, pois essa tese é muito frágil.) Vamos supor que o Palmeiras tivesse ganho estes supostos 7 pontos fáceis. Teríamos 25 pontos. E teríamos um aproveitamento de 83,3% dos pontos! Mesmo que tivéssemos, jamais chegaríamos ao final do Campeonato com esse aproveitamento, ainda que fôssemos campeões. Ou seja, mesmo que fôssemos campeões, necessariamente nosso rendimento cairia.

Quem garante que cairia? Os números.

Por que achar que o Palmeiras conseguiria mais do que os outros times conseguiram de 2003 a 2007 para serem campeões? Vou repetir um dado lá do começo: o campeão com melhor aproveitamento foi o Cruzeiro (2003), com 72,4%. E a média dos campeões dos pontos corridos é de 67,3%.

Por que estes "trajaninhos" e "exigentes" querem que um time recheado de jogadores "medianos e normais" como o Valdivia, "frouxos" como o Diego Souza, sem mencionar os reais cabeças de bagre, tenha um desempenho digno de Velloso, Cafu, Sandro, Cléber, Júnior, Flávio Conceição, Amaral, Djalminha, Rivaldo, Muller e Luizão?

Não seria incoerência esperar que um time "comum" tivesse um aproveitamento melhor do que um super-time? Seria e é INCOERÊNCIA.

Aos que consideram o Valdivia apenas mais um bom jogador, que acham que não ganharemos o Brasileiro, peço que nos brindem com uma dose caprichada de coerência, no mínimo, e parem de esperar que o Palmeiras seja uma máquina de fazer gols com um time que consideram mediano.

Mas para estes, os "trajaninhos", os "calazanzinhos" ou "exigentes", como queiram, tenho algumas boas perspectivas para que os dias de vocês não sejam tão amargos.

O Luxemburgo é um técnico competente. Até os Kfouris palmeirenses não negam isso. E sabem muito bem que a capacidade dele fica ainda mais ressaltada no meio de tanta mediocridade que há hoje no futebol.

O desempenho dele em campeonatos de pontos corridos é incontestável. Não tem a ver com sorte, coincidência ou um mero acaso. Basicamente isso acontece porque com pontos corridos, a média é premiada no final. E sabemos que, mesmo com todos os altos e baixos dentro de um campeonato, a média dos times do Luxemburgo SEMPRE está no mínimo beirando o topo.

Não há mata-mata. Aquelas surpresas do tipo Asa de Arapiraca, Ipatinga, Ceará, nós sabemos que acontecem. Afinal, empatamos com o Figueirense ontem em casa. Mas também sabemos que acontecem esporadicamente, e que num campeonato onde ganha quem tem a melhor média de aproveitamento, este tipo de tropeço NÃO FAZ A DIFERENÇA.

Por que esperar que as tendências não se confirmem?

A tendência do Palmeiras e dos times do Luxemburgo SEMPRE é melhorar ao longo do Campeonato. Temos 60% de aproveitamento hoje. Por que esperar que essa tendência de melhora não se confirme?

A tendência do Flamengo é piorar, simplesmente porque não é um super-time para bater todos os recordes de aproveitamento do Campeonato Brasileiro de pontos corridos. Hoje tem 76% de aproveitamento. A média dos campeões é de 67%. Por que achar que essa tendência não vai se confirmar?

O ÚNICO RISCO que corremos de não sermos campeões é se perdermos um ou dois jogadores fundamentais (esses "comuns", Valdivia e Pierre, por exemplo). Fora isso, a tendência é sermos campeões.

A outra tendência que sempre se confirma é que o torcedor palmeirense é chato, exigente e nunca está satisfeito. E tende a dar valor aos bons jogadores só quando os perde.

Mas não há de ser nada. Hoje é sexta-feira, o fim de semana vem aí, e a tendência é que ele "promete"!

4 de jul. de 2008

Mustafá se exalta em reunião do Conselho

Nomes aos bois

Taí a turma do câncer, aqueles nomes que encabeçam a política anti-Palmeiras mustafônica dentro do clube. Anotem estes nomes na sua lista negra. Disseram NÃO à Arena:
  • Francisco Paulo Ippolito Neto
  • Mustafa Contursi Goffar Majzoub
  • Piraci Ubiratan de Oliveira Junior

Foram à votação, mas se ABSTIVERAM, com medo de votar "não":

  • Estevam Magro
  • Francisco Manoel Vita
  • José Reginaldo Nazello de Alvarenga Tripoli
  • Marcio Papa
  • Ulisses de Souza Feliconio
  • Synesio Ortiz Roos Filho

Faltaram na votação, mas fizeram CAMPANHA por telefone contra a Arena:

  • Roberto Vicente Frizzo
  • Arnaldo Luiz Albuquerque Tirone
  • Mario Giannini
Fonte: La Nostra Casa