27 de out. de 2008

10 motivos pelos quais o Palmeiras será campeão

Depois do baque que levamos no último jogo, tanto pelo resultado quanto pela falta de futebol, nossos erros e fraquezas ficaram expostos a todos.

É normal o tom apocalíptico adotado pela imprensinha. O duro é ver palmeirenses entregando os pontos a esta altura do campeonato e do ano. Poucos se deram conta, no entanto, de que jogamos sem 4 jogadores importantes, 2 dos quais considero fazerem parte da nossa espinha dorsal.

Abaixo, listo 10 motivos que explicam ao palmeirense desanimado porque seremos campeões do Brasileirão 2008.

Motivo 1: O Gaymiover

Dos 5 primeiros colocados, o Grêmio é o time mais fraco tecnicamente. Tem jogadores ditos refugos, como Paulo Sérgio, Tcheco e Souza, sendo os dois últimos as "esperanças de criatividade" do time gaúcho.

Além disso, seu técnico é nada mais, nada menos, do que o senhor Celso Roth, que quando passou por aqui ganhou o carinhoso apelido de Burroth, por suas escolhas no mínimo questionáveis e seu estilo covarde na hora de decidir.

Apesar de ter 4 pontos a mais que nós momentaneamente, é um dos concorrentes, ao lado do São Paulo, que tem 4 jogos fora de casa (sendo 2 em rodadas seguidas), das 7 partidas que faltam.

Para finalizar, eles ainda terão que nos fazer uma visitinha no Palestra Itália.

Motivo 2: O S.P.F.W.

A imprensinha insiste no discurso de que o "São Paulo é um time de chegada". E muita gente compra a idéia, sem nem pensar ou questionar sobre.

Nos últimos anos, o São Paulo colecionou uma série de pipocadas justamente na hora de decidir, mas parece que a memória de muita gente é curta. Para refrescar a memória dos esquecidos, segue uma breve lista de derrotas bambis na "hora da chegada".

  • Eliminado da Libertadores pelo Fluminense (2008)
  • Eliminado do Paulista pelo Palmeiras (2008)
  • Eliminado da Libertadores pelo Grêmio (2007)
  • Eliminado do Paulista pelo poderoso São Caetano (2007)
  • Eliminado da Libertadores pelo Inter (2006)
  • Eliminado da Libertadores pelo poderoso Once Caldas (2004)

A prova mais recente de que essa força bambi, entoada pela mídia diariamente como um mantra não passa de história da carochinha, é que na hora de DECIDIR, quando teve uma vitória garantida contra nós (vantagem de 2 x 0 até os 30" do segundo tempo), abriu as pernas, não agüentou nossa força e cedeu o empate.

Além do mais, o time atual do São Paulo é o mais fraco tecnicamente dos últimos anos, e é inferior tecnicamente a Palmeiras, Cruzeiro e Flamengo.

Falam tanto dos nossos resultados "decepcionantes", mas os bambis somam vários destes resultados, aliás muito parecidos com alguns dos nossos mais criticados. Perderam de 3 para o Fluminense no Rio, empataram em casa com Ipatinga e Coritiba, não conseguiu ganhar do Figueirense em Florianópolis, perdeu para o Náutico fora, e por aí vai.

Para os mais supersticiosos, mais um alento. Historicamente, o Palmeiras sempre foi campeão evitando que o SPFW fosse tricampeão de algum campeonato.

Motivo 3: O Cruzeiro

Pessoalmente, considero o Cruzeiro como o time mais próximo tecnicamente ao Palmeiras.

Poderia ser o nosso concorrente mais perigoso, se tivesse demonstrado ao longo do campeonato, em momentos-chave, que está com sede desse título.

Mas as derrotas que teve nos confrontos diretos em casa (inclusive contra o nosso time desfigurado) deixam o Cruzeiro com aspecto frágil, de quem não tem bala na agulha pra decidir na reta final.

Motivo 4: O Flamenguinho Pocotó

O Menguinho Pocotó em muito me lembra o Palmeiras de 2007. E, não à toa, tem o mesmo técnico que tínhamos no ano passado.

O estagiário Caio Millhouse Potter Júnior ainda está cru. Seu discurso nada ambicioso, sempre colocando a Libertadores como possibilidade de recompensa, acaba enfiando na cabeça de seus jogadores de que a Libertadores é a meta, e o título seria o bônus. Com essa mentalidade, time nenhum chegará ao título esse ano.

Além disso, o Flamengo refugou feio em vários momentos ao longo do campeonato (série de derrotas que os fez perder a liderança e a derrota acachapante em casa contra o Atlético-MG).

O Flamengo é 8 ou 80. E como o Caio Jr se contenta com 40, isso deixa os mulambos mais próximos do 8 do que do 80. Um tropeço contra o Cruzeiro (jogo que será em Minas Gerais) ou contra nós (jogo no Rio), e é capaz do Morro do Boréu inteiro descer pra soltar umas bombas e sitiar a Gávea.

Motivo 5: O Palmeiras 2008

Palmeirenses desesperados, ou contaminados pelos discursos manjados da imprensinha ("São Paulo é time de chegada", "fantasma do Palestra", "tabu de títulos", etc.), e a própria imprensa em vários momentos decretaram o fracasso do Palmeiras ao longo de 2008.

O nosso mundo acabou várias vezes esse ano. No Paulista, repetidamente, especialmente nas derrota de 3 x 0 para o Guaratinguetá e para os bambis, no 1º jogo da semifinal. No Brasileiro, as derrotas apocalípticas foram contra o Sport, em casa, e contra o Fluminense no Rio, ambas por 3 x 0.

A frase mais dita por derrotistas: "Time que quer ser campeão, não pode...". Time que quer ser campeão não pode perder para o Guaratinguetá por 3 x 0. Time que quer ser campeão não pode perder para o Sport em casa por 3 x 0. E assim vai, só mudando a variável do resultado.

O fato é que fomos campeões do Paulista, mesmo com os 3 x 0 para o Guaratinguetá. Aliás, digo mais: foi a partir das dúvidas e questionamentos que se plantaram a respeito da capacidade do elenco que os jogadores mostraram sua força.

As nossas maiores derrotas e decepções com o Palmeiras em 2008 foram justamente nos momentos em que nosso time estava sentado no altar da auto-confiança, beirando o salto-alto.

E o Palmeiras 2008, quando questionado, pressionado, duvidado, respondeu à altura das nossas tradições.

Motivo 6: O Palmeiras na História

Quantas vezes, ao longo da nossa gloriosa História, não vimos o Palmeiras ser surpreendido em casa por times pequenos? Inter de Limeira, Ceará, Asa de Arapiraca, Ipatinga, etc.

E quantas páginas de glórias, desta mesma História, não escrevemos em batalhas memoráveis derrubando outros times grandes?

Já é mais do que acaso, superstição ou tradição. É um perfil. O Palmeiras responde quando cutucado. Mostra seu tamanho quando o embate é parelho, quando pega algum time de porte parecido com o seu.

E dos jogos que nos restam, o único time que pode ser classificado como pequeno é o Ipatinga.

Motivo 7: Os pontos necessários para o título

O Campeonato Brasileiro atual é o mais disputado da era dos pontos corridos. Em nenhuma outra edição, houve 5 equipes disputando diretamente o título até esta altura do campeonato.

Isto tem um reflexo direto nos números. Por ser tão equilibrado, o aproveitamento do 1º colocado é mais baixo do que foi nos anos anteriores: 63%. Projetando este aproveitamento para o final do campeonato, chegamos ao número mágico de 72 pontos para sermos Campeões Brasileiros.

Para chegar lá, precisamos de 17 pontos em 7 jogos. Nenhuma façanha de 7 vitórias em 7 jogos é necessária. Precisamos de 5 vitórias e 2 empates, ou de 6 vitórias (com 1 derrota como margem de cagada).

Convenhamos, nada impossível para o time que almejar ser o Campeão Brasileiro de 2008.

Motivo 8: Confrontos diretos

Este tem muito a ver com o 6º motivo citado anteriormente. Dos 7 jogos restantes, temos 2 confrontos diretos, sendo um jogo em casa e outro fora.

Temos em nossas mãos a chance do título. Está a nosso alcance a taça, e só depende de nós irmos buscá-la.

O mais positivo aqui é que, outra vez, não precisamos de façanhas. Precisamos simplesmente demonstrar se merecemos o título ou não.

Vencer o Grêmio em casa, justamente nas condições que o Palmeiras sabe se impor, num confronto de gigantes decidindo um título, pode ser difícil mas é um resultado absolutamente palpável e natural. Empatar com o Flamengo fora de casa (considerando que temos margem para 2 empates e 5 vitórias), da mesma maneira.

Motivo 9: Nosso diferencial tem nome

Temos um diferencial que fica no banco de reservas. Não, não é o Jorge Preá, nem o Denílson.

Podem falar o que quiser, mas mesmo os desafetos do Luxemburgo não questionam a sua capacidade profissional.

Ele tem uma trajetória vitoriosa no futebol, que se demonstrou especialmente mais estável e confiável nos campeonatos disputados por pontos corridos.

Mesmo assim, já escreveu no Palmeiras capítulos de títulos e vitórias em campeonatos disputados com fases em mata-mata. Quem não se lembra das finalíssimas contra nossos fregueses fiéis, no Paulista e no Rio-SP de 1993, além do Brasileiro de 1994? Ou mesmo do título Brasileiro de 1993 (também decidido com jogos mata-mata)? Ou mais recentemente, do Paulista de 2008?

É difícil dizer a especialidade do Luxemburgo. Prefiro reconhecer sua competência em saber levar um time ao título e ser campeão.

Motivo 10: Jogos que marcam uma campanha

Ao contrário de outros times, o Palmeiras não tem costume de ser campeão com títulos que caem no seu colo. Talvez, exatamente por isso, temos uma História tão gloriosa.

E não há como fugir do óbvio aqui: especialmente neste Brasileiro, será campeão o time que merecer o título. (Exceto no caso esdrúxulo de algum erro de arbitragem ou pilantragem que decida o campeonato.)

Está tudo tão equilibrado que, quem vacilar na hora do "vamo vê", não terá merecido ser campeão.

Temos toda a certeza que nossos 4 concorrentes não nos darão o título de bandeja. Que se o quisermos, teremos que ir buscar. Portanto, se quisermos ser Campeões Brasileiros de 2008, teremos que escrever mais uma página de glória para ser lida e relida no futuro.

Quando tomamos porrada no Paulista, nos momentos de decisão, tivemos uma trajetória especial, com jogos marcantes. Negativamente, o jogo que marcou a mudança foi a já citada derrota para o Guaratinguetá. E pelo lado positivo, a nossa grande vitória foi contra os bambis na segunda partida semifinal.

Neste Brasileiro, tivemos a explêndida recuperação de um 2 x 0 para 2 x 2, novamente contra o SPFW; tivemos também a vitória apertada (e merecida) contra o Cruzeiro em MG, com nosso time desfigurado. Mas mesmo assim, não creio que estes serão os jogos que ficarão para a História.

Se quisermos ser campeões, o jogo contra o Fluminense deve ser o ponto de partida para o sprint rumo ao título. Deve ser o que foi o jogo contra o Guaratinguetá no Paulista.

Se quisermos ser campeões, temos 7 páginas em branco para escrever jogos memoráveis. Contra Grêmio e Flamengo, podem ser épicos. Podem ser os jogos que nos farão merecedores do título.

19 de out. de 2008

O cheiro não era de gás

Sou absolutamente contra julgamentos sobre quem é mais ou menos palmeirense, por torcer de casa, do radinho ou do estádio. E isso que escrevo nada tem a ver com isso.

Mas tem coisas, como algumas que ocorreram no jogo de hoje, que só mesmo estando no Palestra para sentir.

Depois do jogo, fiquei imaginando quais teriam sido minhas reações a cada um dos polêmicos lances do jogaço, se eu estivesse no conforto do sofá de casa.

Teria ficado emputecido com cada um dos erros individuais, que deram de presente gols ao adversário. Indignado com erros de passe injustificáveis. Louco com cobranças de falta mal-sucedidas. Devastado com o final de um 1º tempo em que jogamos melhor, mas saímos derrotados por 2 a 0.

Todos estes teriam sido sentimentos e impressões legítimas, mas frias, que provocariam maximamente alguns xingamentos, contorções no confortável sofá, mas tudo no calor de uma sala aconchegante ou no calor humano de um bar com os amigos. E eu não teria vivido certas emoções, as quais contarei para meus filhos e netos.

Acontece que hoje, no Palestra Itália, fui presenteado com o que de mais inebriante e inexplicável só o futebol e o Palmeiras proporcionam.

Entrei no estádio com pelo menos duas horas de antecedência, para garantir o mesmo lugar de onde vi aquela épica vitória nas semifinais do Paulista, sobre o mesmo adversário. Superstição? Magina... mas não custava nada.

Logo de cara, a primeira surpresa desagradável. Enquanto as arquibancadas se enchiam, naquela maré alviverde que subia preenchendo os melhores espaços, vejo um velho colega dos tempos de colégio, com o qual perdi contato há mais de 10 anos. O fator desagradável é que este ex-companheiro sempre foi sãopaulino. E dos mais típicos.

Quando o vi, num primeiro momento fiquei puto, me sentindo absolutamente revoltado com tamanha ousadia. Fiquei na dúvida entre cumprimentá-lo ou ignorá-lo, entre ser irônico ou ser filho da puta.

Meu senso de civilidade e de responsabilidade me fez ficar calado, e tive que tolerar aquela presença invasora em silêncio e em segredo. Caso contrário, um ato irresposável de delação da minha parte poderia causar uma pequena tragédia.

Enfim, creio que o próprio tenha refletido algo parecido com relação à sua ousadia, e ambos fingimos que não nos vimos. Não nos cumprimentamos, desviamos o olhar contrangedoramente e ele foi sentar-se o mais distante possível dali. Mas não foi longe o suficiente.

De onde eu estava, fiquei fiscalizando o comportamento do invasor os 90 minutos. Com uma ponta de raiva com a audácia da invasão, mas com uma satisfação tremenda por enxergar em sua expressão facial uma verdadeira humilhação, a cada lance em que tinha que engolir calado suas reações ao jogo, e ainda travestir-se de algo que não era.

Como já disse anteriormente, tratava-se de um sãopaulino típico. Assim, talvez travestir-se não tenha sido tão humilhante para ele.

Ainda neste episódio do invasor, foi irritante vê-lo a todo momento tentando se esquivar da minha vigilância, talvez com receio de a qualquer segundo eu denunciá-lo. Foi hilariante vê-lo gritando "Rogééééério, viaaaado". Foi enojante ver seu sorrisinho absolutamente contido, e reservado a 0,1 mm de canto de boca, quando o 1º tempo acabou com 2 a 0 a favor de seu time.

Mas foi um verdadeiro deleite observar a mudança na sua expressão quando saiu o nosso primeiro gol. Embora o invasor estivesse cercado pela massa verde desde o início, o resultado favorável provavelmente lhe deu uma falsa sensação de conforto. Ver sumir aquele sorrisinho escondido, contendo a mais repulsiva arrogância sãopaulina. Ver a cara de atrevimento virar semblante de terror.

Do sorrisinho arrogante ao semblante de terror. Foi assim que evoluiu a expressão do invasor vigiado, quando o Palmeiras fez o primeiro. Terror, porque foi naquele momento em que ele claramente percebeu que não estava em casa. O Palestra Itália pegou fogo, inflamou-se. E o invasor se borrou.

Aquele era o termômetro do jogo. Um termômetro preciso demais, aliás. E sem a menor pretensão de profetizar, no momento da falta em que sairia o nosso segundo gol, "eu já sabia".

Da arrogância ao terror em 2 ou 3 minutos. Da euforia ao silêncio fúnebre. Isto do lado do invasor, claro.

Do nosso lado, do lado de quem manda no pedaço, dos donos da casa, da torcida que canta e vibra, e do estádio que pulsa, este foi um dos jogos mais significantes deste campeonato. Não pelo resultado, óbvio. Afinal, futebol por futebol, a vitória seria nossa por merecimento. Mas pela forma poética ou épica de escrever mais um capítulo da nossa trajetório rumo ao título.

Os 25 mil palmeirenses tiveram a alegria de ver calar-se o setor lilás do estádio, após 15 minutos de intervalo bailando em sua doce ilusão arrogante. Tive o mesmo prazer, talvez um pouco mais personalizado, em razão do invasor. O prazer de apertar o botãozinho do "LIGA" da arrogância bambi e fazê-la desmoronar em tão pouco tempo foi inenarrável.

Se tivesse assistido ao jogo de casa, eu não teria vivido nada disso. E provavelmente não teria tantos ingredientes para achar este 1 ponto e o empate tão saborosos. Especialmente saborosos por mantê-los em seu devido lugar: abaixo de nós.

Se tivesse assistido ao jogo de casa, talvez eu não tivesse valorizado tanto o esforço desses caras que honraram a camisa do Palmeiras, que conseguiram empatar um jogo "daqueles". Este jogo tinha tudo para ser um jogo "daqueles", que quando tínhamos Bonamigo, Marcelo Villar e coisas do gênero, poderíamos ficar martelando por 300 minutos, a bola bateria na trave, na linha, e não balançaria as redes inimigas nem com mais 20 de acréscimos.

Expulsões, pênalti contra, falhas individuais decisivas, terminar um tempo perdendo do 2 a 0. Todos os quesitos para deixar qualquer palmeirense bicudo e com sua veia corneta pulsando a mil.

Mas que nada. Hoje, no Palestra, pintou um cheiro no ar, e não era de gás, nem de pimenta. Era cheiro de campeão.