29 de fev. de 2008

Como vender um produto para um palmeirense

Acabei de receber uma ligação de uma vendedora na Net (tv a cabo) da qual sou assinante para me oferecer alguns pacotes e promoções.

E achei engraçadíssimo o recurso de marketing que ela usou pra tentar me convencer a comprar o pacote pay-per-view que incluía também a Série B do Campeonato Brasileiro.

Vou tentar reproduzir mais ou menos o diálogo que tivemos no papo.

-- Boa tarde Sr.

-- Boa tarde.

-- Aqui quem fala é "fulana" da Silva, da Net Digital e estou com algumas propostas interessantes pro senhor. O senhor é assinante do Premiere Futebol Clube correto?

-- Sim.

-- Estou com uma oferta irrecusável para o senhor. Por apenas mais R$ 5,00 reais, o senhor ganha no pacote PFC além do Campeonato Brasileiro e do Paulistão, que o senhor já possui, o Campeonato Brasileiro da Série B. O senhor não estaria interessado?

-- Série B? Não não... isso é pacote pra gambá, pra curintiano!!!

-- Claro, mas não se esqueça que o senhor pode usar para rir e torcer contra!!!

-- *gargalhada* [rachei o bico nessa hora]

-- E então, o que acha: quer torcer contra o Corinthians por apenas R$ 5,00 a mais na sua fatura?

-- Olha "fulana", você merecia que eu assinasse isso só pelo excelente argumento de venda, mas só não vou comprar porque realmente não vou perder meu tempo assistindo CUrintia na série B não.

-- Ok, Sr. A Net Digital agradece e tenha uma ótima tarde.

-- Boa tarde.

Não é todo dia que alguém vem com uma sacada dessas trabalhando numa empresa grande e geralmente puxa saco dos gambás.

Essa merecia ganhar essa comissão!

Dito isso, aprendemos uma valiosa lição: quanto vale o Curintia na televisão? Cincão mais o dinheiro do busão!

19 de fev. de 2008

O polêmico setor Visa: herói ou vilão?

Só quem vai ao estádio com pai, mãe, avós ou crianças sabe o valor de ser respeitado, de chegar no estádio e ter seu lugar marcado, de não obrigar seu filho ou sobrinho a ficar cheirando a maconha alheia e ter certeza que seu avô não será descadeirado por empurrões.

Alguns confortos e avanços que o setor oferece, nem todo mundo conhece ou reconhece:

  • Comodidade para comprar ingressos pela internet, sem ter que perder horas produtivas de trabalho ou outras atividades.
  • O conforto de garantir sua entrada sem pegar filas homéricas.
  • A chance de pagar os ingressos uma só vez no mês, em uma mesma data, no dia da fatura do seu cartão de crédito.
  • Combate aos cambistas, já que a compra dos ingressos é individual (através de cartão de crédito) e instransferível.
  • Maior segurança no estádio, já que todos os ingressos são identificados no momento da compra.
  • A estrutura física oferece banheiros decentes, TVs para acompanhar melhores momentos no intervalo, lanchonetes limpas e outras benfeitorias ao torcedor / consumidor.
  • Um grande benefício são as cadeiras com número marcado, possibilitando que o torcedor chegue na hora do jogo e tenha seu espaço garantido.
  • Possibilidade de comprar meia-entrada para estudantes e idosos.

A lista de benefícios segue, mas acredito que estes citados acima são fortes o suficiente pra decretar o setor Visa como um avanço que nenhum clube grande do Brasil teve coragem e competência de implementar antes.

O Palestra Italia, bem como todo o clube social do Palmeiras são espaços privados, cujos donos são o clube e seus sócios. Por isso mesmo, poderiam cobram 500 reais por ingresso se assim decidissem, e ainda assim estariam no seu direito.

Gozado como há pessoas que adoram reclamar, chiar, protestar, propor boicote, mas na hora que a Diretoria toma uma medida para modernizar o clube, dar um passo à frente, sempre aparece alguém insatisfeito com alguma coisa.

Futebol é entretenimento e diversão. E se estamos num país cheio de injustiças sociais, o problema é do país, da economia, da sociedade, do capitalismo... de TUDO, não do futebol nem do Palmeiras.

Aliás, reclamam tanto da DOMINAÇÃO CAPITALISTA do futebol europeu sobre nossos melhores jogadores, e no momento em que nosso clube faz algo arrojado e polêmico, em busca de aumentar receitas, aumentar o conforto do torcedor que paga para ir ao jogo, tudo para diminuir essa discrepência entre as realidades do futebol brasileiro com o que de lá, vem alguém e mete o pau.

Não descontem no futebol as frustrações neo-socialistas.

O futebol não tem papel de feitor de justiça e igualdade social. Quem não tem dinheiro para pagar para ir no setor Visa, que vá de arquibancada. E quando chegar o momento em que tudo ficar mais caro com a nova Arena, vão ter que aprender e aceitar que INFELIZMENTE quem não tem dinheiro terá mesmo é que escutar no radinho ou ver na TV, ou então deixar de comer para ir aos jogos.

O Palmeiras não é casa de caridade nem é plano assistencialista. Existem ainda as arquibancadas a um preço mais acessível.

Mas é bom aproveitarem enquanto ainda não é Arena, pois a modernização, o respeito ao consumidor e o conforto têm seu preço.

Respeito as críticas ao setor, mas acho que algumas visões são MUITO ESTREITAS. Muitas ainda têm aquele espírito do jovem rebelde revolucionário, essa coisa de reclamar e chiar, e quando alguém faz algo com competência, ousadia e coragem, gera polêmica e enfrenta sem medo as torcidas organizadas, chovem críticas. Criticar é fácil, arranjar uma solução viável é que é difícil.

Parabéns à gestão atual por ter coragem de peitar as torcidas organizadas, não se deixar ser refém delas e tomar decisões ousadas, modernas e que visam o benefício exclusivo da Sociedade Esportiva Palmeiras.

16 de fev. de 2008

Estréia na 9ª rodada

Neste sábado, vimos em campo o Palmeiras 2008 de Luxemburgo estrear depois de oito rodadas disputadas pelo Campeonato Paulista, na vitória sobre o Juventus por 4 x 0, em Ribeirão Preto.

Mesmo levando em conta que o time da Moóca jogou boa parte do 2º tempo com um jogador a menos, pode-se constatar tanto uma evolução no desempenho coletivo do Palestra, como uma amostra da qualidade individual do elenco.

Houve momentos no jogo em que doces lembranças (perigosas e indevidas) chegaram a remeter aos verdes anos 90.

O Palmeiras mostrou que tem, individualmente, um time top no futebol brasileiro, e seguramente está entre os candidatos ao título nacional em 2008. Hoje, pude fazer algumas constatações que particularmente me levaram a esta conclusão.

Analisando

Marcos: no jogo de hoje, fez defesas difíceis e importantes, demonstrando que o velho e excepcional São Marcos do Palestra está de volta. Frise-se: Diego Cavalieri está no banco, caso precisemos.

Élder Granja: jogador clássico, deu mais uma assistência para gol (no cruzemento / passe para o gol de cabeça de Alex Mineiro) e manteve o alto nível de suas apresentações, mantendo uma ótima regularidade. Anotem aí: candidatíssimo a vencedor da Bola de Prata, da Placar, como melhor lateral direito do Brasileirão, caso tudo ande bem e continue livre de contusões que o assombraram nos tempos de Inter. Este, está encaminhado para fazer história no Palmeiras, se permanecer por um bom tempo.

Henrique, David, Dininho e Maurício: Dininho se contundiu ainda no primeiro tempo, Maurício entrou em seu lugar e nada se alterou. O Palmeiras tem ótimos zagueiros, todos que jogaram hoje com boa técnica, além de fazerem bem sua função principal. Frise-se 2: Gustavo não jogou por estar suspenso.

Leandro: bom lateral defensivamente. Tem muito boa técnica. Hoje, jogou mais livremente, podendo subir ao ataque, e acertou vários cruzamentos e lançamentos. Foi considerado um dos, senão "O" melhor da partida por muitos. Se o Luxemburgo conseguir extrair dele constância parecida com o que apresenta o Élder Granja, a lateral esquerda não é causa de preocupação. Mas só o próprio Leandro pode conquistar essa confiança do torcedor. Futebol ele tem. Basta dar aquele "algo mais" em todos os jogos.

Pierre: o melhor marcador e ladrão de bola do país disparado no momento. Hoje, como nos jogos anteriores, foi o único volante de ofício, num time que jogou com 3 zagueiros. E mesmo assim, apareceu em todas as partes do campo, como de costume, sempre pronto pra desarmar o adversário e tocar pra quem sabe.

Léo Lima: o desempenho de hoje apenas confirmou a impressão anterior. Como segundo volante, trata-se de um jogador muito bom. Tem recursos como o drible, o chute, lançamentos e longas viradas de jogo. Características que, como meia, não chamariam tanta atenção como chamam em se tratando de um "falso" volante. Está no caminho certo de dar um "Cala boca, Milton Leite" (referência ao episódio da discussão entre tal "jornaleiro" e o Luxemburgo no programa Arena Sportv, quando Mr. Milk sugeriu que a contratação de Léo Lime beneficiaria financeiramente o técnico do Verdão, pela falta de qualidade e de currículo do jogador).

Diego Souza: enfim, ele estreou mostrando no que poderemos contar com ele para 2008 e os anos que vêm por aí. Chegada forte ao ataque, finalizações, tabelinhas, habilidade e gols. Ainda assim, não achei que ele tenha jogado tão bem, pois nota-se nitidamente que ainda não tem a mobilidade que se espera de um atleta profissional. Me parece fora de forma, e mesmo assim demonstrou hoje suas qualidades.

Valdivia: mais um que estreou em 2008. Depois das atuações apagadas, polêmicas, firulas y otras cositas más que fez nas partidas anteriores, hoje o Mago justificou o apelido e, na minha opinião, foi o melhor em campo. Deu passes, dribles, duas assistências convertidas em gols, fez mágicas com seu chute no vácuo e outras estripolias, dessa vez, de maneira mais objetiva. Me pareceu clara a evolução individual dele após uma semana sem jogo, apenas de treinamentos. E acho que sentiremos claramente a diferença do Valdivia que terminou 2007 para o que terminará 2008 ao final do Brasileirão.

Alex Mineiro: não é genial como Romário, Careca ou Ronaldo, mas mostrou novamente que a camisa 9 de 2008 é dele e dificilmente não a fará por merecer. Fez mais um gol típico de centroavante e, além disso, hoje fez sua melhor partida com a camisa do Palmeiras, acertando muitos passes e tabelas, e melhorando na proteção da bola nas suas saídas da área.

Denílson e Lenny: apesar de terem jogado cerca de 15 minutos apenas, o Palestra mostrou que tem vários jogadores para preocupar seus adversários. Entraram, preocuparam, desviaram a atenção dos marcadores para si, abrindo espaço assim para outros jogadores de talento do time.

Ou seja...

Está sobrando talento no Palmeiras. Basta ver se o Luxemburgo conseguirá converter esse caldeirão de talentos em uma equipe competitiva. Se obtiver sucesso nisso, garanto que teremos motivos para comemorar o que conquistaremos no ano de 2008.

15 de fev. de 2008

Pela vida, contra as drogas

Pior do que errar clamorosamente é não reconhecer o erro, gaguejar, titubear, tropeçar nas palavras ao tentar justificá-lo e ficar com a maior cara de ânus como se o erro tivesse sido acerto.

Pois essa foi a posição da Jovem Pan, ao afirmar que seu repúdio a Luiz Gonzaga Belluzzo (devido à sua suposta incitação a um boicote à emissora) foi motivado pela coluna de Belluzzo no Terra Magazine (post reproduzido na íntegra abaixo).

Acredito que os últimos da classe dos meus tempos de colegial conseguiriam ler o texto do Belluzzo e saber claramente que ali não havia de maneira alguma nenhuma menção a boicote, muito menos incitação de nada ali.

Se o Belluzzo tivesse sido mais sereno nesta coluna, talvez tivesse adormecido enquanto escrevia!

Esta tentativa de justificar o erro buscando fazê-lo parecer acerto foi patética, e quanto mais a Jovem Pan tenta, mais desprezível este assunto está se tornando, pois as respostas ao repúdio e indignação da torcida palmeirense não estão sequer à altura dos nossos argumentos.

Seguem abaixo alguns trechos extraídos da mensagem de Luiz Gonzaga (que não é o Belluzzo), do Fórum Palmeiras Todo Dia. E tentem acreditar que a JP não comeu bola ao se confundir o que escreveu o palmeirense Luiz Gonzaga com um texto do Belluzzo.

"Se eu fosse diretor da Sociedade Esportiva Palmeiras proibiria a entrada de Fredy Junior no clube. Fim de papo. Aceitaria, inclusive, de bom grado, que a Jovem Pan fizesse a represália de nunca mais transmitir jogos do Verdão."

(...)

"De uns tempos para cá, principalmente quando foi vaiado em uma entrevista coletiva no clube, a Jovem Pan radicalizou e está apavorando o clube. Beira a chantagem."

(...)

"Nelo Rodolfo é um dos diretores de esporte da Jovem Pan. [...] Ele é conselheiro do Palmeiras, mustafento de primeira hora, e era dono de um goleiro anão nas categorias de base do Palmeiras - até ser denunciado no Diario de São Paulo."

(...)

"A oposição, pulverizada com derrotas em todos os últimos pleitos no Palmeiras, encontra um espaço no noticiário da Jovem Pan, que o clube inteiro nunca consegue, com treinador, jogadores, os jogos , os treinamentos, etc. Por quê? Interesse público? É isso que interessa ao torcedor do Palmeiras?"

(...)

"A Sociedade Esportiva Palmeiras precisa fazer inimigos de verdade. Reconhecê-los. Identificá-los. Denunciá-los. E enfrentá-los por mar, ar e terra. 24 horas por dia, sete dias por semana. O momento exige. Luiz Gonzaga"

Como qualquer torcedor comum do Palmeiras, este viu-se no direito de se expressar e protestar, da maneira mais democrática possível: através da manifestação de idéias e pensamentos.

A Jovem Pan, no seu surto de insanidade e falta de lucidez (apenas corroborando outras acusações feitas no texto do Luiz Gonzaga-Não-Belluzzo) continua no mesmo erro de achar que o palmeirense é burro ou no mínimo inocente demais.

Se alguém encontrar no texto do Belluzzo (post abaixo) alguma incitação a um boicote à Jovem Pan ou me convencer de que a rádio ao falar de "incitação à ditadura", "falta de democracia" etc. não se referiu equivocadamente ao texto reproduzido acima, ganhará um doce de presente.

Deviam preservar a longa vida da rádio, que nasceu como a Panamericana S/A de São Paulo, e parar de contratar verdadeiras drogas para integrar sua equipe de jornalistas esportivos.

Crítica e autocrítica

Esta é a coluna de Luiz Gonzaga Belluzzo, publicada na segunda, dia 11 de fevereiro de 2008, 09h43, no Terra Magazine.

por Luiz Gonzaga Belluzzo

Nesta segunda-feira, ainda madrugada, irritei-me com uma frase de minha própria autoria, estampada no Painel FC da Folha de S.Paulo. O leitor fique sossegado: a culpa não é do jornalista. Ele publicou exatamente o que eu disse. Em tom de brincadeira, mas disse. O seguinte: "O coronel Marinho deveria ser rebaixado a capitão. Os times pequenos estão dando porrada e não acontece nada".

Aqui entram em conflito a escrita e a fala. Dita em tom de blague, não machuca. Escrita em tom de blog é ofensiva. Mas o erro de forma não condena o conteúdo. Aqui coloco entre parênteses minha condição de palestrino (se tal coisa é possível). Mas a porrada come solta no Campeonato Paulista, sob o olhar complacente de jovens árbitros. Vou falar do jogo Barueri e Corinthians. Vi o vídeo tape. Além da qualidade técnica sofrível, o jogo foi um festival de pancadas, com clara e insofismável vantagem - diriam os antigos locutores - do time da simpática cidade da Grande São Paulo.

Tivesse inspiração para tanto, daria ao texto que ora atormenta o leitor o título "Vídeo-Cacetadas e Cacetadas no Vídeo". Vídeo-Cacetadas por conta das mancadas técnicas e táticas dos jogadores. Cacetadas no Vídeo em homenagem aos brucutus, cheios de saúde e apedeutas da bola. Tem sido assim na maioria das partidas. Mas, já que ousei me intrometer na hierarquia militar, é bom que todos saibam que, entre os descontentes com a arbitragem frouxa, sou soldado raso. Graúdos de alta patente estão revoltados.

Passo da autocrítica para a crítica da crítica. Meu e-mail ficou entupido de vociferações e impropérios dirigidos ao narrador do jogo Palmeiras e Guarani. Rogério de tal, lotado na Jovem Pan, saiu-se com essa, ao narrar uma embaixadinha desnecessária e, digo eu, desrespeitosa do chileno: "Se fosse jogador do Guarani, bateria no Valdívia". Literatura de blog, sob a forma oral. Imagino, se escrita, quais seriam as respostas dos comentaristas. Arrisco uma: "se fosse torcedor do Palmeiras, lhe daria umas porradas".

Tudo em prol do avanço da civilização e da civilidade. Ao comentar a controvérsia Huck-Ferréz, aquela que envolveu os proprietários de relógios caríssimos e os "correrias" que os cobiçam, escrevi: há quem ainda apresente sintomas de sobrevivência do DNA do processo civilizador e dos valores da sociedade moderna e ouse escrever para as seções de Cartas ao Leitor ou comentar nos blogs os comentários dos fanáticos do Apocalipse.

Os ululantes retrucam com as armas do preconceito, da intolerância e da apologia da brutalidade, sem falar nos ataques em massa à última flor do Lácio, inculta e bela...

Luiz Gonzaga Belluzzo é professor titular aposentado da Unicamp, consultor editorial da revista Carta Capital e vencedor do prêmio Juca Pato em 2005.

Fonte: Terra Magazine

A família é o berço de tudo

O que a rádio Jovem Pan AM aprontou nesta última semana já ficou para a história do jornalismo. Ela era minha favorita dos tempos de moleque para acompanhar o Palmeiras, quando quem narrava era o incomparável José Silvério, quando Milton Neves ainda tinha tempo pra falar de futebol descontraída e despretensiosamente. Hoje, como ex-ouvinte de uma rádio que sempre teve opinião e valores que em sua maioria batiam com os meus, me sinto envergonhado por ela.

Para quem está por fora do que aconteceu, segue abaixo um brevíssimo resumo.

Na última partida do Palmeiras, em que vencemos o Guarani por 3 x 1, o sr. narrador reserva desta rádio deu lamentáveis declarações a respeito do Valdivia. Não vou colocar entre aspas, pois não as tenho gravadas para reproduzi-las na íntegra com precisão. Mas a essência das baboseiras era a seguinte:

  • Se eu fosse jogador do Guarani, descia o sarrafo no Valdivia
  • Estou de olho no Valdivia desde quando ele chegou no Palmeiras
  • Joga esse seu futebolzinho aí

Essas foram as idéias proferidas pelo narradorzinho reserva da Jovem Pan, no último sábado. A primeira declaração já é lamentável por si só, mas as outras demonstram a perseguição específica.

Pois bem, esta demonstração de anti-profissionalismo e de jornalismo amador causou a ira de muitos torcedores alviverdes, que muito rapidamente manifestaram seu repúdio através de blogs, fórums e e-mails à rádio.

Arrogantemente, a rádio Jovem Pan duvidou da inteligência do torcedor do Palmeiras. Mandou ao ar uma mensagem com conteúdo editorial rechaçando o boicote palmeirense a ela, que na cabeça dos gênios que redigiram o conteúdo era tudo manipulação de Luiz Gonzaga Belluzzo.

"De onde a JP tirou isso?", vocês podem perguntar.

Hoje, a Sociedade Esportiva Palmeiras publicou uma nota explicando isso. Um palmeirense indignado (como ficaram todos que ouviram), chamado Luiz Gonzaga, mas que não é o Belluzzo, manifestou sua indignação com a postura da rádio a respeito do Valdivia e do Palmeiras.

Postura da rádio SIM -- afinal, trata-se de uma rádio jornalística e opinativa, que se gaba por "prestar serviços" à comunidade, e a emissora deve assumir o ônus do conteúdo das opiniões ali emitidas pelos "profissionais" contratados por ela. Se o narrador suplente falou aquelas asneiras, estas chegaram aos ouvidos de milhares de palmeirenses através das ondas da JP.

Outra parte lamentável desta história, e que fica um pouco oculta nas entrelinhas de tudo que ocorreu, foi a arrogância jornalística (praga da mídia, especialmente a esportiva), que julga nós, espectadores, leitores e ouvintes, incapazes de termos opiniões complexas e completas a respeito de um assunto pelo "crime" de amarmos nosso time do coração.

A "defesa" que a rádio logo armou foi acusar que a indignação dissipada entre os palmeirenses pelas palavras de Rogério Assis teria sido uma manipulação do Belluzzo. Além de infundada e caluniosa, como ficou provado a partir das últimas entrevistas dadas pelo Diretor e grande economista palmeirense, essa posição da emissora mostra o quanto ela subestima a nossa inteligência.

Sim, a mesma rádio que proclama ter "os ouvintes mais inteligentes do Brasil" não nos considera capazes de emitirmos opiniões próprias, de nos indignarmos, taxa de "ditadura" um boicote proposto por muitas vozes de palmeirenses que pensam e se expressam através dessa rede de "terminais" que é a internet. Se fazer um boicote legítimo é um ato de ditadura, o que seria democrático? Ter que ouvir as baboseiras de Rogério Assis e companhia na Jovem Pan?

Fiquei indignado com a mensagem editorial da rádio. Primeiro, por esse desprezo à inteligência do ouvinte. Por ME considerar incapaz de ter uma opinião crítica e ME rotular como um cordeirinho cego seguidor de alguém, que teria ME manipulado a pensar assim ou assado. Segundo, por acusar uma pessoa pública, cuja lisura é tão pública quanto ele, de articular ações não democráticas. Isso é a prova do despreparo de tal equipe jornalística para receber críticas dos seus "clientes".

Só para finalizar, quem tem vergonha na cara e trabalha na Jovem Pan deve estar rubro com estes acontecimentos. Eu estou! Estou com vergonha alheia pela JP.

Que mico histórico dar-se ao trabalho de redigir todo um texto repudiando isso e aquilo, gravar uma mensagem editorial com efeitos sonos da torcida palmeirense (para tentar agradar nosso bico como se fôssemos miquinhos amestrados), com o hino do Palmeiras ao fundo, o pobre do locutor despendeu de seu tempo quando poderia estar fazendo algo útil e não tão embaraçoso. E além de tudo isso, acusar alguém erradamente por confundi-lo com um homônimo.

Me senti insultado quando a rádio disse que o boicote era manipulado por Luis Gonzaga Belluzo. Eu havia assistido o jogo pelo pay-per-view no sábado e tomei o primeiro conhecimento sobre a pisada da Jovem Pan pela comunidade do Palmeiras no Orkut. Qual não foi minha surpresa ao chegar na casa de minha família no domingo e ouvir a mesmíssima história da boca do meu pai, e sentir nas palavras dele a mesma indignação palmeirense que eu havia lido no dia anterior.

Jovem Pan, aprenda uma coisa: "A família é o berço de tudo".