Vi no blog La Nostra Casa, dedicado à transformação do Palestra em Arena, uma sugestão do pessoal em reunir sugestões e idéias a respeito do novo estádio construído e reformulado em parceria com a WTorre.
Aqui vai uma sugestão nada brilhante, técnica ou revolucionária, de um dos aspectos mais básicos do estádio (futura Arena), mas que bem provavelmente seria um calo no sapato de qualquer engenheiro ou arquiteto.
Tive minha primeira experiência no debatido setor Visa no fatídico jogo contra o Sport (0 x 3) pelo 2º turno do Brasileirão 2008. E pelo que pude observar e tirar a prova eu mesmo, há alguns "poréns" a serem levantados a respeito da conveniência, do conforto e da visibilidade.
1. A Conveniência
O conforto de pode comprar ingressos pela internet, com meses de antecedência, sem pegar filas, sem ter que enfrentar chuva, sol, cambistas, desgostos de desorganização e afins, não tem preço e é imprescindível para todos os lugares e setores da futura Arena. Acho que isso é lugar comum, o óbvio do óbvio, e o mínimo que se espera. Qualquer coisa diferente disso pode ser decepcionante.
2. O Conforto
Sempre fui, e continuo sendo, a favor do setor Visa e da modernidade. Mas nessa minha primeira ida tive algumas decepções. Pessoais, no caso, mas que certamente se aplicam a centenas ou milhares de outros torcedores, mas a 100% do público quando falamos em estádio moderno, nos padrões Fifa.
- Medidas mínimas: a Fifa tem determinações sobre características primordiais para estádios que abrigarão seus eventos. E devemos segui-las não porque a Fifa determina, mas porque estas regras prezam pelo mínimo conforto e comodidade que se espera em qualquer lugar do mundo. Coisas como, por exemplo, a largura mínima de cada assento, espaço mínimo entre o assento de uma fileira para as outras, assento retrátil para facilitar o fluxo de pessoas nas fileiras, etc.
No setor Visa, o que pude presenciar foi que não há espaço algum para caminhar em uma determinada fileira, até o seu assento, caso os assentos no caminho já estejam ocupados por outros torcedores. No português bem claro, se houver pessoas sentadas na sua fileira, você só conseguirá chegar até seu lugar pisoteando os torcedores ou praticando "caminhada com obstáculo de joelhos alheios".
A sugestão aqui é óbvia: que os assentos da Arena sejam retráteis ou que haja o mínimo de espaço para circulação de pessoas nas fileiras, mesmo com os assentos já ocupados.
- Conforto e comodidade: certamente por conseqüência do problema citado acima, minha nota para o conforto e a comodidade das cadeiras do setor Visa fica na nota mínima para passar de ano: 5,0.
O que ocorre é que para uma pessoa com mais de 1,90m (acredito que quem tem pelo menos 1,80m já passa a ser afetado), não existe espaço nenhum entre seu joelho e a cadeira da fileira da frente. Nenhum MESMO. Fiquei com o joelho encravado, pressionando o encosto da cadeira da frente, sem poder me mover durante os 90 minutos de jogo. Pior do que qualquer viagem de avião em classe econômica.
Em contrapartida, eu que não sou nada pequeno também na "largura" me surpreendi com o confortável espaço dedicado a cada assento. Talvez, se houvesse braços separando os assentos ficaria apertado para os mais gordinhos, mas da forma como está no setor Visa (apenas os assentos, sem suportes de braço) está surpreendentemente confortável.
A sugestão: que a largura dos assentos permaneça a mesma utilizada no setor Visa, e que de preferência não sejam instalados suportes de braço, separando o espaço entre um assento e outro. Estes suportes podem reduzir o espaço e o conforto. E digo isso por experiência própria.
3. A Visibilidade
O Palestra não é a casa dos bambis. Mas para quem freqüenta o estádio há décadas, a novela do SENTA / LEVANTA é quase que uma tradição. No setor Visa, isso se agravou e criou-se toda uma polêmica devido ao perfil das pessoas que freqüentam ali.
Ocorre daqueles que freqüentavam a antiga arquibancada no concreto, no mesmíssimo lugar do Visa atual, há os que curtem a festa, a cantoria da torcida e assistiam o jogo inteiro em pé naturalmente, e há os que vão para ver a partida e querem ter o direito de fazê-lo sentados, acompanhando o jogo.
Agora, quem levanta para cantar e gritar é gentilmente convidado a gritos a se sentar. E os que permanecem sentados ficaram marcados como torcedores de braços-cruzados, amendoins, etc. Desnecessaríssima essa desunião e o racha, mas enfim, é o que venho constatando.
Os engenheiros, arquitetos, idealizadores e todos os envolvidos no projeto da nova Arena certamente rirão (ou chorarão se levarem a sério a sugestão). Mas o fato é que os degraus (níveis de fileiras) do Palestra Itália não são íngremes o suficiente a ponto de permitir que o cidadão de uma fileira permaneça sentado e mantenha boa visibilidade do gramado enquanto o torcedor da fileira adiante se levante, se assim desejar.
E a sugestão seria: fazer com que os degraus do estádio sejam mais íngrimes e aumentem a visibilidade do torcedor. Desta maneira, seria possível respeitar a vontade daqueles que querem permanecer sentados os 90 minutos e daqueles que querem cantar em pé o jogo todo, sem prejudicar o direito de ninguém.
Não sugiro isso baseado num "sonho de uma noite de verão". Sugiro baseado numa experiência real, de um jogo que pude assistir num dos estádios mais modernos do mundo, o Santiago Bernabéu, do Real Madrid.
Na ocasião, fiquei num dos anéis superiores, zona central bem no meio do gramado. E tive exatamente esta experiência, de mesmo sentado permanecer com uma visibilidade bem razoável do gramado, inclusive quando as fileiras se levantavam.
As fileiras são BEEEEEEEM mais íngrimes que as do Palestra Itália, e isso faz a diferença. Só não sei se este ângulo maior era só no anel superior ou no estádio todo.
Se não me engano, e pelo pouco que ouvi de detalhes sobre o projeto, parece que a característica de jardim suspenso do Palestra será perdida. Ou seja, o gramado poderia ficar no nível do chão do fosso, e naturalmente o ângulo dos degraus da arquibancada teria que ser aumentado.
Já que haverá uma obra e um investimento gigantescos neste processo de transformação, não custa levar todos os detalhes em consideração.
Fica aí minha sugestão.