Depois do baque que levamos no último jogo, tanto pelo resultado quanto pela falta de futebol, nossos erros e fraquezas ficaram expostos a todos.
É normal o tom apocalíptico adotado pela imprensinha. O duro é ver palmeirenses entregando os pontos a esta altura do campeonato e do ano. Poucos se deram conta, no entanto, de que jogamos sem 4 jogadores importantes, 2 dos quais considero fazerem parte da nossa espinha dorsal.
Abaixo, listo 10 motivos que explicam ao palmeirense desanimado porque seremos campeões do Brasileirão 2008.
Motivo 1: O Gaymiover
Dos 5 primeiros colocados, o Grêmio é o time mais fraco tecnicamente. Tem jogadores ditos refugos, como Paulo Sérgio, Tcheco e Souza, sendo os dois últimos as "esperanças de criatividade" do time gaúcho.
Além disso, seu técnico é nada mais, nada menos, do que o senhor Celso Roth, que quando passou por aqui ganhou o carinhoso apelido de Burroth, por suas escolhas no mínimo questionáveis e seu estilo covarde na hora de decidir.
Apesar de ter 4 pontos a mais que nós momentaneamente, é um dos concorrentes, ao lado do São Paulo, que tem 4 jogos fora de casa (sendo 2 em rodadas seguidas), das 7 partidas que faltam.
Para finalizar, eles ainda terão que nos fazer uma visitinha no Palestra Itália.
Motivo 2: O S.P.F.W.
A imprensinha insiste no discurso de que o "São Paulo é um time de chegada". E muita gente compra a idéia, sem nem pensar ou questionar sobre.
Nos últimos anos, o São Paulo colecionou uma série de pipocadas justamente na hora de decidir, mas parece que a memória de muita gente é curta. Para refrescar a memória dos esquecidos, segue uma breve lista de derrotas bambis na "hora da chegada".
- Eliminado da Libertadores pelo Fluminense (2008)
- Eliminado do Paulista pelo Palmeiras (2008)
- Eliminado da Libertadores pelo Grêmio (2007)
- Eliminado do Paulista pelo poderoso São Caetano (2007)
- Eliminado da Libertadores pelo Inter (2006)
- Eliminado da Libertadores pelo poderoso Once Caldas (2004)
A prova mais recente de que essa força bambi, entoada pela mídia diariamente como um mantra não passa de história da carochinha, é que na hora de DECIDIR, quando teve uma vitória garantida contra nós (vantagem de 2 x 0 até os 30" do segundo tempo), abriu as pernas, não agüentou nossa força e cedeu o empate.
Além do mais, o time atual do São Paulo é o mais fraco tecnicamente dos últimos anos, e é inferior tecnicamente a Palmeiras, Cruzeiro e Flamengo.
Falam tanto dos nossos resultados "decepcionantes", mas os bambis somam vários destes resultados, aliás muito parecidos com alguns dos nossos mais criticados. Perderam de 3 para o Fluminense no Rio, empataram em casa com Ipatinga e Coritiba, não conseguiu ganhar do Figueirense em Florianópolis, perdeu para o Náutico fora, e por aí vai.
Para os mais supersticiosos, mais um alento. Historicamente, o Palmeiras sempre foi campeão evitando que o SPFW fosse tricampeão de algum campeonato.
Motivo 3: O Cruzeiro
Pessoalmente, considero o Cruzeiro como o time mais próximo tecnicamente ao Palmeiras.
Poderia ser o nosso concorrente mais perigoso, se tivesse demonstrado ao longo do campeonato, em momentos-chave, que está com sede desse título.
Mas as derrotas que teve nos confrontos diretos em casa (inclusive contra o nosso time desfigurado) deixam o Cruzeiro com aspecto frágil, de quem não tem bala na agulha pra decidir na reta final.
Motivo 4: O Flamenguinho Pocotó
O Menguinho Pocotó em muito me lembra o Palmeiras de 2007. E, não à toa, tem o mesmo técnico que tínhamos no ano passado.
O estagiário Caio Millhouse Potter Júnior ainda está cru. Seu discurso nada ambicioso, sempre colocando a Libertadores como possibilidade de recompensa, acaba enfiando na cabeça de seus jogadores de que a Libertadores é a meta, e o título seria o bônus. Com essa mentalidade, time nenhum chegará ao título esse ano.
Além disso, o Flamengo refugou feio em vários momentos ao longo do campeonato (série de derrotas que os fez perder a liderança e a derrota acachapante em casa contra o Atlético-MG).
O Flamengo é 8 ou 80. E como o Caio Jr se contenta com 40, isso deixa os mulambos mais próximos do 8 do que do 80. Um tropeço contra o Cruzeiro (jogo que será em Minas Gerais) ou contra nós (jogo no Rio), e é capaz do Morro do Boréu inteiro descer pra soltar umas bombas e sitiar a Gávea.
Motivo 5: O Palmeiras 2008
Palmeirenses desesperados, ou contaminados pelos discursos manjados da imprensinha ("São Paulo é time de chegada", "fantasma do Palestra", "tabu de títulos", etc.), e a própria imprensa em vários momentos decretaram o fracasso do Palmeiras ao longo de 2008.
O nosso mundo acabou várias vezes esse ano. No Paulista, repetidamente, especialmente nas derrota de 3 x 0 para o Guaratinguetá e para os bambis, no 1º jogo da semifinal. No Brasileiro, as derrotas apocalípticas foram contra o Sport, em casa, e contra o Fluminense no Rio, ambas por 3 x 0.
A frase mais dita por derrotistas: "Time que quer ser campeão, não pode...". Time que quer ser campeão não pode perder para o Guaratinguetá por 3 x 0. Time que quer ser campeão não pode perder para o Sport em casa por 3 x 0. E assim vai, só mudando a variável do resultado.
O fato é que fomos campeões do Paulista, mesmo com os 3 x 0 para o Guaratinguetá. Aliás, digo mais: foi a partir das dúvidas e questionamentos que se plantaram a respeito da capacidade do elenco que os jogadores mostraram sua força.
As nossas maiores derrotas e decepções com o Palmeiras em 2008 foram justamente nos momentos em que nosso time estava sentado no altar da auto-confiança, beirando o salto-alto.
E o Palmeiras 2008, quando questionado, pressionado, duvidado, respondeu à altura das nossas tradições.
Motivo 6: O Palmeiras na História
Quantas vezes, ao longo da nossa gloriosa História, não vimos o Palmeiras ser surpreendido em casa por times pequenos? Inter de Limeira, Ceará, Asa de Arapiraca, Ipatinga, etc.
E quantas páginas de glórias, desta mesma História, não escrevemos em batalhas memoráveis derrubando outros times grandes?
Já é mais do que acaso, superstição ou tradição. É um perfil. O Palmeiras responde quando cutucado. Mostra seu tamanho quando o embate é parelho, quando pega algum time de porte parecido com o seu.
E dos jogos que nos restam, o único time que pode ser classificado como pequeno é o Ipatinga.
Motivo 7: Os pontos necessários para o título
O Campeonato Brasileiro atual é o mais disputado da era dos pontos corridos. Em nenhuma outra edição, houve 5 equipes disputando diretamente o título até esta altura do campeonato.
Isto tem um reflexo direto nos números. Por ser tão equilibrado, o aproveitamento do 1º colocado é mais baixo do que foi nos anos anteriores: 63%. Projetando este aproveitamento para o final do campeonato, chegamos ao número mágico de 72 pontos para sermos Campeões Brasileiros.
Para chegar lá, precisamos de 17 pontos em 7 jogos. Nenhuma façanha de 7 vitórias em 7 jogos é necessária. Precisamos de 5 vitórias e 2 empates, ou de 6 vitórias (com 1 derrota como margem de cagada).
Convenhamos, nada impossível para o time que almejar ser o Campeão Brasileiro de 2008.
Motivo 8: Confrontos diretos
Este tem muito a ver com o 6º motivo citado anteriormente. Dos 7 jogos restantes, temos 2 confrontos diretos, sendo um jogo em casa e outro fora.
Temos em nossas mãos a chance do título. Está a nosso alcance a taça, e só depende de nós irmos buscá-la.
O mais positivo aqui é que, outra vez, não precisamos de façanhas. Precisamos simplesmente demonstrar se merecemos o título ou não.
Vencer o Grêmio em casa, justamente nas condições que o Palmeiras sabe se impor, num confronto de gigantes decidindo um título, pode ser difícil mas é um resultado absolutamente palpável e natural. Empatar com o Flamengo fora de casa (considerando que temos margem para 2 empates e 5 vitórias), da mesma maneira.
Motivo 9: Nosso diferencial tem nome
Temos um diferencial que fica no banco de reservas. Não, não é o Jorge Preá, nem o Denílson.
Podem falar o que quiser, mas mesmo os desafetos do Luxemburgo não questionam a sua capacidade profissional.
Ele tem uma trajetória vitoriosa no futebol, que se demonstrou especialmente mais estável e confiável nos campeonatos disputados por pontos corridos.
Mesmo assim, já escreveu no Palmeiras capítulos de títulos e vitórias em campeonatos disputados com fases em mata-mata. Quem não se lembra das finalíssimas contra nossos fregueses fiéis, no Paulista e no Rio-SP de 1993, além do Brasileiro de 1994? Ou mesmo do título Brasileiro de 1993 (também decidido com jogos mata-mata)? Ou mais recentemente, do Paulista de 2008?
É difícil dizer a especialidade do Luxemburgo. Prefiro reconhecer sua competência em saber levar um time ao título e ser campeão.
Motivo 10: Jogos que marcam uma campanha
Ao contrário de outros times, o Palmeiras não tem costume de ser campeão com títulos que caem no seu colo. Talvez, exatamente por isso, temos uma História tão gloriosa.
E não há como fugir do óbvio aqui: especialmente neste Brasileiro, será campeão o time que merecer o título. (Exceto no caso esdrúxulo de algum erro de arbitragem ou pilantragem que decida o campeonato.)
Está tudo tão equilibrado que, quem vacilar na hora do "vamo vê", não terá merecido ser campeão.
Temos toda a certeza que nossos 4 concorrentes não nos darão o título de bandeja. Que se o quisermos, teremos que ir buscar. Portanto, se quisermos ser Campeões Brasileiros de 2008, teremos que escrever mais uma página de glória para ser lida e relida no futuro.
Quando tomamos porrada no Paulista, nos momentos de decisão, tivemos uma trajetória especial, com jogos marcantes. Negativamente, o jogo que marcou a mudança foi a já citada derrota para o Guaratinguetá. E pelo lado positivo, a nossa grande vitória foi contra os bambis na segunda partida semifinal.
Neste Brasileiro, tivemos a explêndida recuperação de um 2 x 0 para 2 x 2, novamente contra o SPFW; tivemos também a vitória apertada (e merecida) contra o Cruzeiro em MG, com nosso time desfigurado. Mas mesmo assim, não creio que estes serão os jogos que ficarão para a História.
Se quisermos ser campeões, o jogo contra o Fluminense deve ser o ponto de partida para o sprint rumo ao título. Deve ser o que foi o jogo contra o Guaratinguetá no Paulista.
Se quisermos ser campeões, temos 7 páginas em branco para escrever jogos memoráveis. Contra Grêmio e Flamengo, podem ser épicos. Podem ser os jogos que nos farão merecedores do título.