Veja, abaixo, alguns trechos de entrevista de Juca Kfouri concedida à revista Caros Amigos em 1997, e logo em seguida, trechos para a Isto É, no mesmo ano.
Caros Amigos (1997)
Sérgio Pinto - Vamos provocar. Você foi cotado para ser secretário do Maluf. Você acha que ser secretário do Maluf engrandece a biografia de alguma pessoa?
Juca Kfouri - Não, não acho que engrandeça, mas acho que ser secretário, ou ser ministro, ou ser qualquer coisa pública em sendo jornalista, não engrandece a biografia de ninguém. Quer dizer, eu jamais trocaria o ser jornalista por qualquer outra coisa, em qualquer outra área.
Sérgio Pinto - Mas você não sentiu conflito?
Juca Kfouri - Não, eu achei que era mais ou menos inevitável em função daquela Carta de São Paulo que era assinada por algumas pessoas identificadas com a esquerda, e que ele, habilidoso como era, ia tentar fazer de algum daqueles signatários um secretário. Conseguiu fazer o Rodolfo Konder. Não acho que se trate de engrandecer, mas também não acho que diminua, não acho que o Rodolfo ficou menor por causa daquilo, é uma opção que eu respeito inteiramente, mas eu jamais seria, do Maluf ou de quem quer que seja.
(...)
Sérgio de Souza - Você se considera um o quê, Juca, um cruzado?
Juca Kfouri - Muito obrigado. Em regra, quando querem me diminuir me chamam de quixotesco. O Roberto Civita um dia me disse isso: "Você é um cruzado". E eu disse a ele a mesma coisa: "Na Globo me dizem que eu sou um Dom Quixote." Eu acho que é um sentimento de indignação mesmo, mas não vou fazer disso nenhum cavalo de batalha, nenhum martírio. Te diria que isso hoje é muito mais a meu favor do que contra mim. Se fosse por oportunismo eu faria essa mesma opção, porque isso me distingue...
(...)
Trajano - E aquela pergunta bem, como se fala?... do programa do Raul Gil, "Para quem você tiraria o chapéu?"
Juca Kfouri - No esporte?
Trajano - Na imprensa esportiva, dirigente, jogador, técnico, para quem você tiraria o chapéu?
Juca Kfouri - Até para provar que não há questões pessoais, há sempre questões políticas, estruturais e tal, eu por exemplo, um presidente de Confederação que eu tiraria o chapéu é o Giulite Coutinho. Outro dirigente que eu tiro o chapéu, é Antônio Pithon, que reassumiu o Bahia. Como dirigente esportivo eu tiro o chapéu por mais polêmico que possa ser, para o Márcio Braga. Tiro o chapéu para o ex-presidente do Grêmio, Paulo Odoni. Tiro o chapéu para o Carlos Miguel Aidar, presidente do Clube dos 13, ex-presidente do S.Paulo.
Trajano - E jogador, técnico e imprensa esportiva?
Juca Kfouri - Tiro o chapéu para o Telê. Acho que vou tirar o chapéu um dia para o Wanderley Luxemburgo. Tiro o chapéu para o Pelé. Tiro o chapéu para o Mané, tiro o chapéu para o Tostão.
(...)
Este foi o trecho extraído da Caros Amigos. No mesmo ano, o cruzado falou para a Isto É. Leia.
Isto É (1997)
ISTOÉ - O que você acha do modelo de co-gestão adotado, por exemplo, por Palmeiras e Parmalat?
Kfouri - Eu não considero ideal, mas é tão obviamente melhor do que o que temos aí que em poucos anos dessa experiência um time que estava na fila há tantos anos saiu ganhando tudo. Só não ganhou mais porque a Parmalat descobriu que esse negócio de comprar e vender jogador era melhor até do que vender leite e começou a fazer dinheiro com isso. Imagine se mais do que uma co-gestão, uma empresa como essa se torne a controladora do clube. Aí ela vai ter a consciência de que não se vende a atração. Na NBA, o Michael Jordan acaba de fazer o 14º contrato com o Chicago Bulls, o Magic Johnson ficou 13 temporadas nos Lakers, o Pat Ewing está esse mesmo tempo no New York Nicks. Por quê? Porque eles garantem bilheteria, patrocínio, audiência. Não se ganha dinheiro vendendo as galinhas dos ovos de ouro. E o futebol brasileiro vende suas galinhas dos ovos de ouro.(...)
Caso você encontre mais incongruências do paladino desmascarado, por favor, nos envie citando data e fonte, que a publicaremos aqui.